Noé não levou ovos para a arca e sim um casal de cada
espécie (Gen 7, 2-3).
Dadas supérfluas deduções sem fim, nos vem outra dúvida e
bem mais interessante:
O que surgiu primeiro? A Igreja ou a bíblia?
Dados históricos ricos e confiáveis nos dão a garantia de
que o escrito mais antigo da Bíblia (Novo Testamento) é a epístola de São Paulo
aos Tessalonicenses por volta do ano 51 D.C e o evangelho mais antigo é o de
São Marcos por volta do ano 70 D.C.
A pergunta é: A Igreja surgiu depois da bíblia? Lógico que
não. A Igreja católica não é a Igreja do livro, é a Igreja de Jesus Cristo,
Igreja que é a sua esposa e mãe de todos os fiéis, dos primeiros mártires até
os últimos de hoje. (Efe 5, 21-32)
Por tanto, se não cremos na Igreja é impossível crer na
bíblia, se não cremos no Espírito Santo não é possível não crer naquela em que
o mesmo Espírito assiste ao longo dos séculos (Jo 14, 16). O Espírito Santo é o mesmo ontem, hoje e
sempre (Heb 13, 8). Ele não diverge de idéias como nós humanos; as promessas de
Jesus são as mesmas, as promessas de que o Espírito Santo estará com a Igreja
são as mesmas (Mat 28,20). Então, da onde surgiu a ideia de que só é possível
crer na Bíblia e em mais nada? É ridículo!
A Igreja não é uma “ONG piedosa” como disse o nosso Papa Francisco, não
é uma casa de cuidados e unicamente de oração, a Igreja é o corpo de Cristo (1
Cor 12, 27), Santa, Una, Católica (universal-total-toda) e imaculada! (Jo 17,
21).
Como pode, depois de 40 anos, da morte de Jesus (ano 33) ao
primeiro escrito (ano 70 D.C), um homem escrever detalhadamente os mistérios e
a revelação de Nosso Senhor sem a assistência deste Espírito Santo (Jo 14, 26)?
E do que a Igreja viveu ao longo destes anos? 40 anos não são 40 dias ou 40
meses. Quem conhece um pouco de filosofia e dos ensinamentos dos antigos sabe
que era pela oratória e não pela escrita que se ensinava. A escrita tinha um
fundamental valor, mas não era comum como nos dias de hoje.
E Paulo, que pregava aos gentios sem a Bíblia, pois ela
ainda não existia, ou será que na nossa mente guardamos um pastor de bíblia na
mão gritando nas praças públicas: “Aceita Jesus e tu serás salvo”? E todos
criam na Bíblia e não em Paulo evidentemente [sic!].
Sejamos sinceros, somente sinceros com a verdade e com a
revelação. A bíblia só foi totalmente definida como As sagradas Escrituras do
cristianismo por volta do Séc. II, ou seja, quase 300 anos depois de Cristo,
com muita provação e muitas “brigas” por causa dos hereges que queriam colocar
qualquer fábula ou retirar livros importantes dela.
Imaginem: Como Paulo
tinha todo aquele conhecimento da revelação de Nosso Senhor a ponto de ser ele
o primeiro autor do novo testamento, de onde vinha aquele conhecimento? Da
bíblia? Não! Veio da Igreja por parte de Pedro, Tiago e dos apóstolos, dos
mártires, dos cristãos primitivos, até do seu Ananias, lembram? Foi Ele que
impôs as mãos em Paulo (Atos 9, 10) e com certeza anunciou pela primeira vez o
Cristo Jesus ressuscitado aos seus ouvidos, e sem a bíblia.
Paulo (sem a bíblia), percorria o mundo anunciando á todos
os gentios o evangelho e sempre alertando contra os perigos dos falsos pastores
(Rom 16, 17-18).
Pois então, a bíblia é o nosso maior instrumento de
anunciação sem dúvida alguma, mas não é a única fonte. Se não crer na Igreja
certamente não terá como crer na bíblia, em Jesus, no Espírito Santo e em nada
que se diz a respeito.
Contudo, ficar somente com a bíblia, sem a Sagrada Tradição
e o Sagrado Magistério é como sentar num banco de uma perna só, certamente irá
cair por falta de apoio.
Crer na bíblia somente depois da imprensa de Gutenberg (1455
D.C)
é crer numa bíblia de 560 anos até os dias atuais e não na
que os monges levaram 11 séculos para cultivá-la palavra por palavra.
Sejamos vivos e adultos, não infantis. Chega de beber leite
e vamos comer alimento sólido (Heb 5, 13-14), pois é chegada á hora e o justo
virá na Parusia e até lá a história continuará, o cristianismo continuará, a
Igreja prevalecerá com ou sem a bíblia.
Não estou sendo contra a bíblia e questionando a sua
autencidade, mas sim tentando de uma forma argumentativa colocar os pingos nos
“is”. Estou "cheio" de gente desqualificada, ignorante e sem
conhecimento ficar empunhando as Sagradas Escrituras indevidamente, sem
autoridade alguma, como se ela fosse um passaporte para a “sua verdade”, única
e absoluta.
Para terminar, pense mais uma vez comigo: Será que Jesus
teria dito a Pedro: - Porém te digo que tu és Pedro e sobre este pergaminho lhe
darei a bíblia e as portas do inferno jamais a destruirão qualquer folha que
seja e tudo que escrever será escrito e o que apagar será apagado?
Não é isso! Jesus
confiou a Pedro a Sua Igreja! E prometeu a assistência do Espírito Santo até a
sua volta. A Igreja foi fundada por Cristo; Ele disse a “minha Igreja” (não a
sua ou de beltrano, de fulano ou de cicrano, mas “A minha Igreja” disse Jesus
(Mat 16, 18).
Por isto eu te digo: Este blog é meu. Não disse que ele é
seu para você fazer o que quiser. Ele é seu para ser lido, para participar,
colaborar, pesquisar, aprender, evangelizar e ensinar. Mas de forma alguma é
seu. Você tem a senha? Somente eu posso postar ou cancelar de vez este blog, eu
tenho esta autoridade. Semelhante é Jesus com a sua Igreja, fundada e entregue
aos cuidados dos apóstolos, assegurada para o depósito da fé por meio de Pedro
e do colégio dos bispos.
Concluindo, então o gabarito é este: O que surgiu primeiro
foi a Igreja.
E a Igreja Católica mais precisamente, pois segundo um
escrito de Santo Inácio, bispo de Antioquia por volta do ano 107 D.C (ainda não
havia a bíblia) na carta aos Esminenses (Cap. VIII) diz: “Onde quer que se
apresente o bispo, ali também esteja á comunidade, assim como a presença de
Cristo Jesus também nos assegura a presença da Igreja Católica.” e mais
posteriormente, quando enfim já existia a bíblia, Santo Agostinho no Séc. IV
disse: “Quanto a mim, não acreditaria no Evangelho se não me movesse a isso a
autoridade da Igreja Católica”.
Ego vero Evangelio non crederem, nisi me catholicae
Ecclesiae commoveret auctoritas.
Fontes: Bíblia sagrada; Bispo Santo Inácio de Antioquia
(67-107) Carta as Esminenses cap. VIII; Bispo Santo Agostinho de Hipona
(354-430) Contra epistulam Manichaei quam vocant fundamenti, 5,6; Catecismo da
Igreja Católica; Curso de história da Igreja antiga com o Padre Paulo Ricardo
http://padrepauloricardo.org.